Pataniscas Satânicas

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quinta-feira, 5 de maio de 2016

O futuro não é o que costumava ser - O Fim do Emprego

Henry Ford II: ''Walter, how are you going to get those robots to pay your union dues?''
Walter Reuther: ''Henry, how are you going to get them to buy your cars?''

Let's get right to it.

Se a tecnologia ameaça automatizar 50% dos empregos existentes nas próximas décadas, é legítimo começarmos a tentar perceber que lugar é que vamos ocupar nesse admirável mundo novo.

Nós somos o nosso emprego. Somos o que fazemos. Somos administrativos, advogados, motoristas, vendedores, enfermeiros... O que é que vamos ser, se já não pudermos ser essas coisas? Ou melhor, o que vamos ser, quando uma alternativa melhor e mais barata nos vier substituir? E como nos vamos sentir? E, se não vamos ter emprego, nem salário, quem é que vai comprar os produtos que as máquinas fabricarem?


Esta é uma pergunta desagradável, e como muitas outras coisas desagradáveis, é abordada com negação e cepticismo. Argumentam que não vai acontecer, que é um falso problema.
Por vários motivos.

Primeiro, os seres humanos são fonte de uma ''criatividade visceral'' que os torna únicos e insubstituíveis. Somos todos flocos de neve...

Quem partilha desta opinião pode retratar os 'alarmistas do desemprego derivado da evolução tecnológica' como os ludistas dos século 21. A acusação parte de um paralelo histórico com um movimento contra a automatização do trabalho na Inglaterra do século 19, durante a revolução industrial. A ocupação dos ludistas era protestar, e tentar destruir à martelada as máquinas que os estavam a transformar em desempregados.


No entanto, no fim de contas, a revolução industrial deixou o nível de vida das populações muito melhor do que estava antes. E novos empregos, novas carreiras foram criadas com os avanços tecnológicos.

Logo, mesmo que a explosão tecnológica actual substitua 50% da força de trabalho, daqui a uns anos vão existir outros empregos, espectaculares e com nomes cheios de swag. Como engenheiro genético, nano técnico ou ''app developer''.

Mas será que vai ser mesmo assim?


Podemos contrapor a isto que não deve ser fácil ser responsável pelos programas de requalificação profissional que pretenderem transformar uma professora primária, um camionista ou um cozinheiro, num 'app developer'.


Este back and forth é interessante, mas o que é que está a acontecer na prática? Porque é que anda toda a gente em pânico com o facto de os computadores estarem a ficar mais avançados?

Isto já não aconteceu antes?

Bem... Não nesta escala...

Começando no carro automático. A tecnologia existe e já foi aperfeiçoada. Não é uma questão de se vai chegar à produção em massa. É uma questão de quando. E este quando pode ser muito antes do que muita gente está à espera... Pode acontecer antes de 2025...


O Google Car. Eu sei, é pouco impressionante. Estavam à espera disto?


Parece difícil de conceber, mas os milhões de pessoas cuja profissão é conduzir: taxistas, camionistas, motoristas pessoais, condutores de autocarros, instrutores de condução...

O futuro não inclui estes empregos. Pelo menos não para seres humanos.

What else? Bem, os call centers estão em vias de ser substituídos.

Há software que analisa as perguntas mais frequentes e complexas de uma determinada área de serviço ao cliente, ou de vendas, e começa a conseguir responder de maneira quase aceitável. E que está em melhoramento constante. O futuro não inclui estes empregos.


Não estão impressionados? E se disser que os jornalistas podem ser substituídos por software, no futuro? Disse no futuro? Queria dizer, os jornalistas já podem começar a ser substituídos por software.

O programa - 'wordsmith' pode ser comprado (neste momento, por qualquer pessoa) com a promessa da empresa que se alguém fornecer dados ao programa, o 'wordsmith' produz um artigo publicável. Quase instantaneamente. A tecnologia está em fase inicial, e só é eficaz em áreas restritas, mas não vai ficar por aqui.

Portanto, os jornalistas estão em risco de ser substituídos. Não todos, mas a maior parte.


De certeza que já começaram a ver sinais disto na vossa vida... Quando vamos ao supermercado e queremos pagar, podemos esperar na fila, ou interagir com 'isto':


Irrita-me sempre um bocado, porque me faz sentir como se eu tivesse sido contratado sem salário, para ser empregado do supermercado. ''Não queremos pagar a alguém para fazer a conta de quanto você nos deve, portanto, faça você a conta, diga-nos quanto é, e depois pague.'' (Humpf... otário)

E quem já não chamou nomes à senhora automática na portagem da autoestrada, que diz:'' Efectue, o pagamento''. E depois ''cartão não lido''.......''cartão não lido''........''cartão não lido''...... Aaaarhgg....

''Obrigado, e boa viagem.''

E que dizer sobre isto, que já está a funcionar?


Se os quiosques automáticos da Macdonald's substituem muitos empregados, o que é que este gajo vai fazer à força de trabalho?


Finalmente, em relação aos seres humanos como seres criativos e insubstituíveis:
- The Next Rembrandt


Uma equipa (programadores, engenheiros e historiadores de arte) digitalizou 300 pinturas de Rembrandt. Depois deram os dados a um computador, e criaram um algoritmo que seria capaz de imitar o 'estilo' de Rembrandt. O quadro acima, não foi pintado por Rembrandt. É um originar, produzido por um computador, através de uma impressora 3D, que sobrepôs 13 camadas de tinta.

Outra coisa. Provavelmente já sabem, mas os computadores já produzem música há muito tempo. Ouvintes humanos não a conseguem distinguir de músicas semelhantes compostas por seres humanos.

Neste video podemos ouvir música composta por um computador. Software a ''improvisar'' jazz.


Isto é cansativo.

Onde é que nós ficamos no meio disto tudo? Bem... nós construímos os robots, e programámos o software, pelo menos até os computadores se conseguirem programar a eles próprios.

O que é alguma coisa programar-se a si própria?

Bem, é aprender de maneira autónoma... Como vimos na semana passada, esta área teve avanços recentes, muito significativos....


Se admitirmos que corremos o risco de nos tornarmos obsoletos numa sociedade concebida cada vez menos por, e para nós, será que vale a pena perguntar como queremos que seja a sociedade do futuro?

E se não vai ser desenhada por nós, vai ser por quem? E para quê?

Mas que metafísico que ele está hoje. :)

Vamos dar-lhes o beneficio da dúvida, e assumir que de facto vão aparecer empregos novos e espectaculares, e que vão existir programas de formação adequados e disponíveis para a maioria da população. Será que vão ser suficientes? Provavelmente não.

Até porque nós vamos ser 10 biliões em 2050...

Acho que o futuro vai ser alguma coisa entre uma sociedade distópica de pobreza, ócio, marginalização e desemprego, e uma utopia, de abundância, criatividade, comunidade e partilha.
Ou seja, não faço ideia nenhuma, e queria acabar numa nota profunda.

Claro que o Skynet tomar conta da chafarica é sempre uma opção!


Para a semana, avanços recentes na reutilização de foguetões, a SpaceX, o Elon Musk, bombas termonucleares em Marte, e a última fronteira:

SSSSPPAAAAAAAACE!

2 comentários:

  1. Os Humanos provavelmente vão ser a lagarta que se transforma numa bonita borboleta robótica.

    Mas enquanto não somos controlados por Inteligências Artificiais, e já não existem empregos, como é que ganhamos dinheiro para comer?
    Se de facto esse futuro da quase total automatização não está assim tão longe como isso, não deve ser assim tão difícil prever as consequências sociais que isso tem.
    Rendimento universal?

    Raios, tenho de começar a trabalhar no artigo sobre Consciência Artificial, esta metáfora da lagarta humana e borboleta robótica é demasiado boa para se limitar a um comentário

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    1. o rendimento universal era uma boa ideia. mas antes disso, talvez seja mais fácil diminuir a carga de trabalho, para conseguir empregar mais pessoas.

      Sim! Consciência artificial! Quebrar a ideia de que nós somos floquinhos de neve divinos, e que é possível fazer um robot que dê palpites sobre o sentido da existência.

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