Pataniscas Satânicas

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terça-feira, 12 de abril de 2016

Invasão da Comida Mutante

Ratinhos fluorescentes? Milho incomestível? Comida mutante? Um herói desconhecido?

Vamos falar sobre isso.


Ok, vamos falar de organismos geneticamente modificados.

Porque contrariamente a toda a controvérsia das vacinas, ainda há muitas dúvidas, algumas delas legítimas, acerca de organismos geneticamente modificados.

(a propósito, morreu mais uma criança não-vacinada, com meningite, depois dos pais só lhe darem medicamentos naturais e homeopáticos)

Em primeiro lugar, o que é um organismo geneticamente modificado? (OGM, a partir de agora, porque eu não tenho paciência para estar a escrever aquilo tudo todas as vezes)

Um OGM é qualquer organismo cujo material genético tenha sido alterado por técnicas de engenharia genética.

Por exemplo, pegar em genes que produzem proteínas bioluminiscentes vindos de alforrecas e introduzi-los no código genético de ratinhos para os fazer brilhar no escuro.

Porquê? Porque assim temos ratinhos fluorescentes!!!
"Que horror!" ouço algumas pessoas dizerem "A engenharia genética ultrapassou os limites! Não podemos criar mutantes e modificar a natureza desta maneira" outras dirão "Não é natural!".

No entanto, isto de mexermos nos genes da natureza não é uma coisa recente.
Aliás, como espécie humana já andamos há muito tempo a mexer com os genes das coisas à nossa volta.

Sabem o que é isto?

Teosinte
Isto é Teosinte, uma planta da família das Relvas. Há cerca de 9000 anos, na América do Sul, os nossos antepassados repararam que os grãos desta erva daninha podiam ser comidos.

Então iniciaram um processo lento e laborioso de selecção artificial, escolhendo e cruzando apenas as formas de Teosinte que davam mais e maiores grãos, que durou milhares de anos até que acabámos com isto:

Teosinte geneticamente modificado
O milho que comemos hoje tem pouco ou nada a ver com a sua forma original.
Os seus genes foram modificados, geração após geração, por um processo manual e à base de tentativa e erro, até à forma que conhecemos hoje.

Este processo de domesticação implicou que os genes que levavam a determinadas características (grãos maiores, maior número de grãos) fossem artificialmente seleccionados e cruzados de maneira a criar uma planta que os tivesse a todos.

Ou seja, o milho que comemos hoje não existe na natureza. É uma invenção humana.

Mais exemplos:
Beringela selvagem VS Berigela geneticamente modificada
Melancia selvagem VS Melancia geneticamente modificada
Banana selvagem VS Banana geneticamente modificada
Cenoura selvagem VS Cenoura geneticamente modificada
E querem saber qual foi o primeiro organismo que modificámos geneticamente?

Muito antes das plantas, que começámos a modificar há cerca de 11 000 anos.

Lobo selvagem VS Lobo geneticamente modificado
Há cerca de 23 000 -15 000 anos atrás, os nossos antepassados roubaram os primeiros lobos bébés e começaram sistematicamente a criá-los e a cruzá-los, seleccionando características genéticas, até aos seres quase totalmente artificiais a que chamamos cães.

A única diferença entre um Pug e um ratinho fluorescente é que o primeiro originou de modificação genética feita às cegas durante milhares de anos e o segundo originou de modificação genética feita num laboratório.

Essa é literalmente a única diferença.

Podemos passar décadas a tentar cruzar espécies de organismos às cegas, misturando milhares de genes uns com os outros, com resultados imprevisíveis, para tentar chegar a algum resultado indefinido, ou podemos fazê-lo um gene de cada vez, com um controlo absoluto, de um momento para o outro.

"Mas certamente que os métodos naturais e a agricultura tradicional tem vantagens"

Ah, os alimentos orgânicos, ou biológicos, ou como lhes quiserem chamar.

Definem-se como alimentos ou ingredientes que foram cultivados sem o uso de pesticidas, fertilizantes sintéticos, resíduos de esgotos, organismos geneticamente modificados ou radiação ionizante. Animais que produzam carne, ovos ou lacticínios não tomam antibióticos ou hormonas de crescimento.

Em primeiro lugar, e contrariamente ao que possam pensar, os alimentos cultivados naturalmente não têm nenhuma vantagem nutritiva relativamente a outros alimentos.

Vou repetir: a Universidade de Stanford fez uma revisão sistemática de 237 estudos sobre alimentos biológicos e não encontrou nenhuma evidência significativa de benefícios nutritivos.

Em segundo lugar, a utilização de OGMs criados para resistirem a doenças e pragas permite REDUZIR a utilização de pesticidas e herbicidas.

Por exemplo na Índia, onde se usa uma espécie de algodão transgénico (BT Cotton) resistente a insectos, foi possível reduzir para metade a utilização de pesticidas, evitando 2,4 milhões de casos de intoxicação dos agricultores por ano e poupando 1,4 milhões de dólares em custos de saúde anuais.


Mas estes OGMs serão seguros para a saúde? Quer dizer, estamos a inserir genes novos que produzem proteínas onde não é suposto elas existirem! Certamente que haverá algum tipo de impacto na saúde.

Poderia haver, mas os OGMs são regulados e avaliados tal como qualquer outro alimento que entra no mercado, e provavelmente com mais rigor e detalhe do que os alimentos naturais.

Já se provou que os OGMs que entram no mercado para consumo humano provocam menos reacções alérgicas do que os alimentos biológicos.

revisões sistemáticas que demonstram que os OGMs são seguros para consumo, e até podem ir verificar dezenas e dezenas de estudos que estudam aspectos individuais da segurança dos OGMs.

Para além disso, vejam a quantidade enorme de entidades regularadoras internacionais que, independentemente umas das outras, todas chegaram à conclusão que os OGMs são seguros:


Adicionalmente, acho que não é novidade nenhuma para ninguém que somos cada vez mais num planeta com recursos limitados.

Estima-se que em 2050 a Terra tenha em cima dela cerca de 9 000 000 000 (nove biliões) seres humanos, e que para providenciar comida para essa gente toda, a produção de comida vai ter de aumentar 70%, e nos países sub-desenvolvidos vai ter de duplicar.

Provavelmente nunca ouviram falar de Norman Borlaug, um biólogo americano que nos anos '40 e '50 conseguiu (durante 10 anos de trabalho e mais de 6000 cruzamentos) produzir uma espécie de trigo que era resistente a várias doenças e que produzia uma maior quantidade de trigo por planta.


Foi acusado de introduzir espécies de trigo que consumiam demasiada água, exigiam fertilizantes químicos, e disrompiam a agricultura tradicional e a biodiversidade.

Quando nos anos '60 as suas sementes modificadas foram introduzidas no México, Índia, Paquistão, e Sudão, a produção de trigo desses países aumentou tremendamente; esses países tornaram-se auto-suficientes na sua produção de comida, e as fomes anunciadas para a segunda metade do século XX foram evitadas.

Norman Borlaug salvou biliões de pessoas de morrerem á fome. Ganhou o Nobel da Paz, a medalha Presidencial da Liberdade, e a Medalha de Ouro do Congresso.


Norman Borlaug tinha imenso interesse na modificação genética de plantas. Os riscos, dizia ele, eram mínimos e não tinham fundamento científico. A transferência de características úteis podia agora demorar apenas semanas, em vez de décadas.

Portanto vamos lá deixar de ter medo dos Organismos Geneticamente Modificados.

Cada mito é que popularizado, cada medo infundado que é transmitido, só dificulta e atrasa a investigação e desenvolvimento destas poderosas ferramentas que poderão um dia salvar a vida a biliões de pessoas.

A não ser que continuem com medo da comida mutante.

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