Pataniscas Satânicas

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domingo, 26 de julho de 2015

Kepler 252b, porque é que eu não conheço nenhum Alien...?


Porque é que isto apela ao nosso imaginário o suficiente para aparecer com este destaque no Expresso?

Bem, primeiro é silly season, tempo em que as linhas editoriais se permitem certas inclinações para o entretenimento (Infotainment). Mas mais importante, apesar de enterrada em jargão científico, a nossa motivação emocional para ler este tipo de notícias é pura e simples curiosidade pelo estado da arte do avanço da ciência. Assim como a motivação da equipa que fez a descoberta, claro.


O motivo é o mesmo desde há décadas. Mas anteriormente gerou um entusiasmo e reacções diferentes...


Um fascínio aproveitado pela cultura Pop em inúmeros livros e filmes. A ficção científica ganhou muita expressão com as histórias sobre Aliens. E numa altura em que as populações interpretavam o que a imprensa dizia como sendo verdade. If it is written, it must be true… Esta credibilidade (credulidade?) chegou a gerar pânico, enquanto o género da ficção científica se definia.


Era um tempo diferente. Quando nos apercebemos do tamanho do universo, e do facto de que somos constituídos dos elementos mais comuns que existem, estávamos confiantes que mais cedo ou que tarde os Aliens nos iriam contactar. E quando isso acontecesse, tudo podia acontecer. Desde a salvação da humanidade, ao holocausto nuclear.

Mas não aconteceu nada. Assim como em tempos idos os psicóticos/maníacos passeavam nos asilos coroados com bivaques de papel, e a mão direita enfiada no peito do robe, Napoleões de sabão, com a era da exploração espacial, a patologia psiquiátrica começou a gerar raptos por Aliens.


A ausência de visitas confirmadas de Aliens, com os únicos testemunhos a serem feitos por doentes psiquiátricos, mudou a nossa reacção de pânico para integração e familiaridade. A cultura popular transformou os Aliens de horríveis montanhas de tentáculos que gostavam de fazer colonoscopias a transeuntes no sul americano, em membros da nossa família. De maneira bastante literal... Não acreditam?



O que é facto é que a pergunta: ''Se existem aliens, porque é que eles não nos visitam?'', mantém-se, e é válida. Chama-se o Paradoxo de Fermi. É importante não esquecer que a espécie humana só consegue comunicar à velocidade da luz muito recentemente, e o espaço é um sítio grande. Além de que algumas coisas que fazemos podem ser vistas como menos que simpáticas/inteligentes.

No fim do dia é um tema que é divertido debater. Mas acho que não devemos perder a perspectiva de que o nosso futuro distante pode muito bem passar pela exploração espacial. A Terra não tem sido muito bem tratada nos últimos anos, o aquecimento global não parece dar sinais de abrandar (nem nós...), e temos o exemplo de Marte, um planeta que teve água abundante em estado líquido, e hoje é um deserto.


De resto, a ficção científica tem adoptado estes ícones e temas como plotlines, às vezes de maneira muito interessante. E esse é outro motivo porque o Kepler 252b é importante.


Acho que devemos continuar a explorar o espaço, porque é lá que está a resposta às perguntas fundamentais: ''De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?''. E toda a nossa ciência, filosofia e arte são tentativas de responder a estas perguntas. A ficção científica é só uma modo de expressão artística diferente, para fazer as mesmas perguntas imemoriais.


E além disso, nós até somos bons a fazer colonoscopias...

3 comentários:

  1. Mas qual é a verdadeira importância desta descoberta no estado da ciência?
    Ou na nossa vida prática, for that matter?
    Porque é que isto é importante?

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  2. Não sei porque é que havemos de gastar dinheiro nestas porcarias!

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