Pataniscas Satânicas

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O Macaco gosta de Açúcar (banana)

Os macacos sabem fazer açúcar bom.
Foi uma das coisas que aprendemos a fazer bem, foi o açúcar. Fazemos açúcar com mestria e requinte. Poucas coisas na nossa sociedade evoluíram tanto como a comida.



Quando éramos todos macacos nas árvores, os macacos que comiam alimentos com mais calorias, conseguiam ter mais energia para procriar mais. Ou seja, a procura de alimentos com muitas calorias era uma vantagem evolutiva.



E como é que se escolhe, de entre todos os frutos da floresta, quais são os mais calóricos? Geralmente são aqueles que têm mais glucose e ácidos gordos, porque essas moléculas são as que produzem mais calorias quando digeridas.
Mas agora qual é uma boa maneira de escolher quais é que têm mais açúcar? Olha, vamos transformar as células especializadas da língua para detectarem moléculas de açúcar e gordura nos alimentos, e dizer ao cérebro "ISTO É BOM! COME MAIS!!!"

As nossas papilas gustativas são sensores de densidade calórica. Quando há muitas calorias acendem-se alarmes químicos que nos dizem para comer mais daquilo.

Portanto é normal que gostemos tanto de açúcar.


Na savana africana não se vivia lá muito bem. Havia pouca comida, pouca água e poucos lugares para uma pessoa se esconder dos tigres dentes de sabre. Os primeiros humanídeos passaram um mau bocado nessa altura.
Isolados da floresta tropical tiveram de reaprender a sobreviver na savana. Não haviam ramos ou árvores, então tiveram de aprender a andar e a correr com a cabeça por cima das ervas para ver predadores.
Na savana as frutas e bagas são raras e espinhosas, as ervas altas e fibrosas dominam planícies como ervas daninhas que só os grandes ruminantes conseguem digerir.
Havia menos calorias disponíveis.



Então os humanídeos, nada se não adaptáveis, viraram-se para a única outra coisa que podem comer: carne. A carne é rica em proteínas e gorduras, tem muitas calorias.
O problema é que a carne por aqueles lados tem dentes, e cornos e corre muito depressa.
Mais vale deixar outros apanhá-la primeiro. Então os humanideos tornaram-se necrófagos. A comer os restos dos animais que os predadores já não queriam.

Mas estavam no fundo da cadeia alimentar. Comiam o que os leões tinha deixado, depois das hienas lá têm ido e dos abutres terem ido bicar os restos. Já não restava muito. Cadáveres com uma semana. 
O que restava era o que os outros animais não tinham conseguido tirar. Aquilo que estava preso dentro dos ossos que eles não conseguiam partir. A medula óssea. 
Altamente calórica, extremamente nutritiva, cheia de gordura e vitaminas. Um tesouro fechado dentro dos ossos. 



Os humanídeos, que aproveitaram o facto de já saberem andar sobre duas pernas para usar as mãos, começaram a usar ferramentas para partir os ossos. Começaram a evoluir para aprender a usar e criar ferramentas. 
Ora isto necessita de um cérebro maior que necessita de mais energia. Que por sorte já lá estava na medula muito calórica que eles estavam a comer! 

Estes proto-seres-humanos tiveram sucesso evolutivo devido a uma relação benéfica entre usar ferramentas para obter uma fonte de calorias que permite mais cérebro para aprender a melhor essas ferramentas. 

A comida levou à tecnologia que influenciou a biologia a favorecer a tecnologia.

Atalhando, a determinada altura decidimos que não queremos andar sempre a depender de fontes de comida inconstantes e começamos a plantar coisas. Ficamos no mesmo lugar, deixamos de ser nómadas, plantamos coisas e começamos a empilhar calhaus.




O problema das plantinhas, sobretudo aquelas que plantávamos, era que tinham pouca densidade calórica.
Comíamos nabos. Provavelmente os nabos até teriam sido considerados uma iguaria, mas neste momento é o pior que consigo imaginar. Isso ou inhames.




Gerações e gerações de civilizações agrícolas cuja principal fonte nutritiva eram os nabos e as couves. 

Aquela gente devia ter uns trânsitos intestinais épicos! Fibra todos os dias! Haviam poias tão majestosas que ainda hoje as guardamos em museus, como testamento à força de vontade humana! 




Mas da mesma forma como nas savanas africanas a fome impeliu humanídeos a usarem as mãos para criar ferramentas para melhorar a qualidade das calorias que ingeríamos, também nas sociedades agrícolas a tecnologia foi parcialmente motivada pela comida. 

Começámos a concentrar essas calorias. A refinar os hidratos de carbono e as gorduras que comíamos. Pão, cerveja, queijo. Maneiras de transformar os recursos alimentares brutos em formas mais transportáveis e sobretudo saborosas! Porque gostamos de açúcar! Porque é bom porque tem muitas calorias que dão uma vantagem evolutiva! 



10 milhões de anos de evolução impelem-nos a fazer comida o mais calórica possível, e essa comida é um reflexo da nossa evolução mental e tecnológica.

Por isso é que temos açúcar tão exageradamente épico!


2 comentários:

  1. Mais um argumento para ilustrar como viemos de tubos gananciosos na sopa primordial. Como disseste, o sistema nervoso central serve apenas para direccionar o tubo na direcção das bolachas de chocolate.
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