Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

AVCêses

Ontem uma senhora respeitável veio dizer-me que tinha tido um AVC.
Eu perguntei em que hospital esteve internada.

''Não fui ao Hospital''

Eu pensei: ''Ah, um AVC desses...''. e disse '' isso é muito grave, dona clotilde, conte mais...''

''Venho cá hoje porque tenho estado muito sonolenta. No outro dia acordei durante a noite, com umas vontades, de maneira que fui a casa de banho evacuar. Mas como tenho andado sonolenta, adormeci sentada na sanita.''

Eu disse: ''Ah pois, isso é chato.'' e pensei: ''eu é que devia pagar para assistir a isto...''

''De maneiras que, quando acordei, não sentia a perna esquerda, e fiquei muito assustada. Mas não sentia mesmo, dava beliscões fortes na perna e nada! De modo que percebi logo que tinha tido um AVC! E chamei chamei os bombeiros. Só que durante a chamada voltei a sentir a perna, e disse que afinal eles não precisavam de vir.''

Eu disse: ''Ah, se calhar não teve nenhum AVC, dona clotilde...''

'' Não tive? Então o que foi? O que é que aconteceu?''

Eu disse: ''Ahh.... pois.... teve uma.... estava sentada na sanita e....não vê que o seu peso é um pouco..... hum.... Pois, olhe você teve um princípio de um AVC!''

E assim nasceu o termo.
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Charlie - One last word

Ainda sobre a notícia do momento, e correndo o risco de requentar o assunto, nestes tempos de consumo de eventos recentes à velocidade de spots publicitários, tive um diálogo interessante com um amigo meu.

The argument goes, que o Charlie Hebdo era extremamente provocador, e de alguma maneira, sem merecer, arriscava-se a que lhe acontecesse o que aconteceu. O exemplo usado foi o de ir ter com um grupo de ciganos e insultá-los gratuitamente. E esperar não ser agredido ou esfaqueado.

Não é razoável.

Fiquei a pensar nisto, e fui ver alguns dos cartoons que o Charlie publicou antes do tiroteio. Não gostei nada do que vi, e tive que concordar com o meu amigo. Eram extremamente agressivos, ofensivos, gratuitos. Fiquei a pensar se de facto era preciso aquilo tudo, representações de sodomização de figuras que outros consideram sagradas. Para quê?

Alguma coisa continuou a chatear-me. Tenho-me como um gajo sem pruridos nem susceptibilidades. E gosto muito de humor arriscado.... Porque é que o Charlie me chateava?
Demorei um bocado a  perceber, mas no momento em que entendi, soube que o meu problema era o problema de muita gente.

Não é que os cartoons me ofendessem...  O problema é que não achei pingo de graça aquilo. Não me ri. Talvez um esgar de indiferença. Mais nada. Para mim, o Charlie Hebdo não tem piada nenhuma. Zero.

Mas qual é o conceito de humor? O que é uma piada? A resposta curta é, tudo. A piada não é o que é dito. A piada é o que é rido. Não interessa o que foi que fez os macacos rirem-se. Se os macacos se estão a rir, foi uma piada. Se não, não interessa a intenção, o timing, o delivery, o set up, a punchline. Foi tudo inútil.

Por isso não percebo as pessoas que dizem que ''pode-se gozar com tudo, depende da maneira como é feito''. Não, não depende. Depende se outro alguém lhe acha graça. Mais nada.

''Mas qual é a piada? Que porcaria, mete nojo! Que repugnante, dá-me náuseas... Quem é que acha graça a uma coisa destas?''

Se algum ser humano olha para o Maomé a levar nas nalgas e se escangalha a rir, é uma piada. É impossível alguém a quem falta o ar de tanto rir, pôr-se com falsos moralismos. E quem não gosta, não compra. Muda de canal. Muda o posto do rádio. Vai para outro site. Vai à merda.

Se há um macaco a rir-se, não lhe estraguem a tarde a tentar fazê-lo sentir-se mal, porque se está a sentir bem. Já tivemos o suficiente disso, durante os tempos em que a igreja mandava no estado.

Talvez por isso, não me surpreendeu a reacção do Papa, que disse que dava um murro a quem lhe insultasse a mãe. No dia em que alguém se dirigir ao supremo pontífice, para lhe chamar puta à mãe, já que ele está numa de afiambrar, porque é que não reza ao menino Jesus para fulminar com um raio o transgressor?

Não me interessa se é gratuito, ofensivo, racista. Eu mijei-me a rir com isto. Por isso é uma piada.



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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A ópera dos macacos



7 biliões de pares de olhos continuam a ver a realidade de maneira tão diferente e tão igual. Diferente o suficiente para darem uns tiros uns aos outros de quando em vez, e igual o suficiente para que seja quase impossível encontrar uma ideia verdadeiramente original. Os macacos vêem os dias passar enquanto cavam buracos em piloto automático. Esperam pelos dias historicamente mágicos para cometerem os seus excessos pequeninos, comem que nem animais, fazem noitadas, apanham bebedeiras, dormem até às duas da tarde. É nesses dias que o drama da vida dos macacos acontece verdadeiramente. Intoxicados por pathos e dopamina, saudamos a sexta feira com a sede de quem atravessou o deserto.

É nesses dias que há ópera na vida dos macacos.

É a melhor parte da nossa vida, e o que nos motiva o atravessar o dia de trabalho.
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sábado, 10 de janeiro de 2015

Relatividade geral

A massa de uma galáxia distorce tanto o tecido do espaço à sua volta, que a galáxia azul precisamente atrás dela torna-se visível como um anel.

A gravidade curvou o espaço de tal maneira que a luz que vem da galáxia azul é deformada como por uma lente. A luz viaja sempre numa linha recta. Não é a luz que se curva, é o espaço por onde ela viaja que se deforma.


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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Je Suis Charlie


Porque lutamos contra o Papão.

Porque nos rimos do Papão.

Porque noutras circunstâncias podíamos ser nós.




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sábado, 3 de janeiro de 2015

Cigarette Duet


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