Pataniscas Satânicas

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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Londres

Londres...

Durante muito tempo não compreendia o hard-on colectivo que a maioria das pessoas parece nutrir por Londres.
Para mim sempre foi só mais uma cidade.
Quer dizer, eu compreendia que era uma cidade porreira e tal, mas nunca partilhei do deslumbramento que as pessoas à minha volta pareciam ter.

Fui a Londres.
Percebo o deslumbramento.

Londres é uma cidade com imensa coisa, e sobretudo com imensa história.
É uma cidade com uma alma velha e carregada com o peso de imensos acontecimentos. Cada canto, cada rua tem um significado histórico.
E quando digo histórico não é só antigo.
Oh, claro, há as estátuas e os palácios e as igrejas que são todos mais velhos que cuspir na sopa. Mas estão perfeitamente bem ao lado dos teatros da Broadway e da Abbey Road.

Há toda esta história, e a história pesa sobre a cidade. Os Londrinos têm uma atitude herdada de quem já viu tudo.

Depois há o tempo, que contribui imenso para a cidade.
Houve de facto momentos em que fez sol, mas durante esses momentos a cidade não era ela mesma. Era como se estivesse quase embaraçada por se mostrar ao sol.
Eu odeio chuva e frio e mesmo assim achei que a cidade só era ela mesma quando estava chuva e frio.

Tive oportunidade de passar várias noites num Pub meio perdido em Wembley. Foi giro ver os nativos no seu ambiente selvagem.
Estava lá durante um jogo de futebol (Barcelona-Chelsea) e os ânimos estavam elevados. Foi extremamente interessante.

Estar na Abbey Road, onde os Beatles tiraram a fotografia para a capa do Album foi quase religioso. Havia mais uma data de pessoas lá, todas a tirarem a mesma fotografia. Havia um sentimento partilhado, não expresso por ninguém. Não era preciso, todos os que lá estávamos sabíamos porque é que lá estávamos e compreendíamos o que nos tinha levado lá.

Por outro lado é uma cidade desconjuntada, demasiado grande, demasiado espalhada. A mesma história que lhe pesa e lhe dá carácter, dificulta-lhe a organização.
A maioria das ruas ainda tem uma distribuição quase medieval, tornando difícil a orientação.
A desolação urbana da revolução industrial ainda se nota em alguns lugares, os bairros sociais do início do século, com as suas chaminés características tornam a paisagem agressiva e fria.

É fácil perceber os londrinos, basta olhar para a cidade. Têm tanto com que se sentir orgulhosos como com que se sentir oprimidos.


Compreendo a fascinação pela cidade, mas não a consigo partilhar.

1 comentário:

  1. É uma cidade fantastica. volta-se sempre com a ideia que se viu tão pouco. Quere-se sempre mais. :)

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